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O ROMANCE HISTÓRICO EM LÍNGUA
PORTUGUESA : REPENSANDO O SÉCULO XIX
Objeto de estudo de pesquisadores
renomados ao longo do século XX, o romance histórico ainda suscita
questões que precisam ser discutidas. Apesar de sua importância
incontornável, mesmo o magistral O Romance Histórico (1955)
de György Lukács tem fomentado debates com relação às categorias que
nele definem o subgénero (JAMESON, 2007; ANDERSON, 2007). Por outro
lado, como mostram Roberto Schwarz (1977), Franco Moretti (1997) e
Silviano Santiago (1971), não é possível pensar nos romances
produzidos nos países periféricos – principalmente as produções do
século XIX – com as mesmas categorias utilizadas para analisar as
obras literárias dos países centrais – um outro processo social há
de pedir uma outra forma literária. Se no século XIX o Brasil
ocupava, em termos macroeconómicos, a periferia do capitalismo,
Portugal também se posicionava nesse espaço em relação à França e à
Inglaterra, como aponta Boaventura de Sousa Santos (1994).
Em 2017 celebramos os 150 anos da publicação de O Senhor do Paço
de Ninães, de Camilo Castelo Branco, e os 160 anos da publicação
de O Guarani, de José de Alencar, obras representativas do subgénero
histórico nos países de língua portuguesa, que certamente possuem as
suas particularidades, sendo mais do que reproduções dos modelos
importados dos centros. Para além desses dois autores, Alexandre
Herculano costuma ser apontado como o grande modelo do romance
histórico em língua portuguesa, mas mesmo a sua obra ainda merece
revisitação. Além disso, há vários outros escritores oitocentistas
portugueses e brasileiros que foram mais ou menos esquecidos pela
história literária, mas cujo estudo pode ajudar a compreender melhor
as características e as expectativas de leitura deste que foi um dos
subgêneros mais consagrados entre o público e a crítica oitocentista.
Partindo dessas questões uma série de 4 congressos iniciada em
setembro de 2017 na USP e na UNESP (Brasil), pretende propor novas
abordagens para o romance histórico produzido em Portugal e no
Brasil do século XIX, desde a narrativa dos primeiros romancistas em
língua portuguesa até as obras finisseculares, que apontam para um
outro olhar sobre as nações portuguesa e brasileira, bem como os
possíveis diálogos que podem ser estabelecidos entre essas produções
e a literatura e as outras artes de outros países e épocas,
destacando-se a contemporaneidade.
Com o objetivo de ampliar a partilha de informações entre
investigadores dos dois lados do Atlântico acerca dessas questões, o
segundo congresso da série ocorrerá na Université Sorbonne Nouvelle
– Paris 3, com a colaboração do CREPAL, em parceria com a USP, a
UNESP, a Universidade do Minho, e a Universidade de Roma III, de 28
de novembro a 1 de dezembro de 2018.
A organização,
Maria Cristina Pais Simon (Université Sorbonne Nouvelle-Paris 3)
Paulo Motta Oliveira (Universidade de São Paulo)
Albertina Ruivo (Université Sorbonne Paris IV)
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